Tecnologia e gestão

Insecta Shoes terá selo próprio para certificar cadeia de fornecimento

Marca de calçados ecológicos e veganos também planeja adotar etiquetas com informações sobre impacto ambiental dos produtos e pagar valores adicionais para repasse aos funcionários dos fornecedores

Por Sérgio Ruck Bueno, 25/08/2021

Barbara Mattivy: produtos sustentáveis fabricados de acordo com os princípios da economia circular - Foto: Divulgação

Referência no mercado de calçados ecológicos e veganos, feitos com matérias-primas certificadas, recicladas, reutilizadas e sem qualquer insumo de origem animal, a Insecta Shoes pretende lançar em 2022 um selo próprio para atestar as práticas de sustentabilidade ambiental, social e econômica de toda a sua cadeia de fornecimento. Ao mesmo tempo, planeja adotar etiquetas com o cálculo de impacto de cada produto da marca, com base em critérios como emissão de dióxido de carbono (CO2) e consumo de água, energia e químicos no processo industrial.

O trabalho passa pela implantação de um sistema de rastreabilidade de 100% dos fornecedores diretos, diz Barbara Mattivy, uma das fundadoras e sócia majoritária da empresa inaugurada em 2014 em Porto Alegre. Segundo ela, o projeto está bem avançado e os planos para 2022 incluem ainda conquistar para um dos principais calçados da linha o selo Cradle to Cradle (C2C), que em inglês significa “do berço ao berço” e é reconhecido internacionalmente na certificação de produtos sustentáveis fabricados de acordo com o conceito da economia circular.

Conforme Mattivy, a capacitação dos fornecedores tem apoio do Sebrae. Ela não informou o tamanho da cadeia de suprimento, mas no relatório de impacto socioambiental de 2020 consta que ela empregava mais de 90 pessoas nas regiões Sul e Sudeste. Mais adiante, em 2025, o objetivo é pagar um adicional de 15% sobre os preços cobrados pelos parceiros, com o compromisso de que eles repassem o valor extra aos funcionários.

A própria Insecta já tem certificados como “Empresa B”, que atesta operações comprometidas em gerar impactos sociais e ambientais positivos, e “EuReciclo”, que verifica os processos de logística reversa. Junto com reconhecimentos como esses, as metas para os próximos anos refletem a evolução do negócio que, segundo Mattivy, é resultado de uma ideia que surgiu "de forma bem espontânea”.

Na época ela era dona de um brechó e a ex-sócia Pamela Magpali tinha uma marca de calçados. “Um dia decidimos transformar as roupas de brechó em sapatos e quando pegamos as amostras da coleção em mãos, para mim fez muito sentido que transformássemos aquilo em uma nova marca, pois era muito inovador, sustentável e original”, lembra a empresária.

Roupas veganas diversificam portfólio em 2021

A operação iniciou como e-commerce, mas a partir de 2015 passaram a ser abertas lojas físicas, que hoje somam 12 unidades no Brasil, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Espanha e Israel. As vendas on-line limitam-se ao mercado brasileiro e em fevereiro deste ano a empresa diversificou o portfólio com o lançamento de uma linha de roupas veganas, mas os volumes totais de produção não foram informados.

As matérias-primas utilizadas incluem fios reciclados a partir de garrafas PET, borracha reciclada, algodão certificado e reciclado, viscose com fibra certificada, peças de brechó e piñatex, um substituto do couro feito a partir de fibras extraídas do abacaxi. Até agora já foram reutilizados ainda componentes de mais de 800 pares de calçados no fim do ciclo de uso, recebidos por meio de logística reversa.

Com uma equipe enxuta de 24 pessoas, sendo 79% mulheres, 47% identificadas como afrodescendentes e 21% como LGBTQIA+, Mattivy afirma que a Insecta tem um grande desafio de crescimento nos próximos anos. “Somos muito pequenos ainda, mas como fomos pioneiros e lideramos esse segmento de moda, as pessoas tendem a achar que somos muito maiores”, comenta.