Meio ambiente

Feiras ecológicas entram na briga pelo “lixo zero”

Entidades unem-se para criar espaços permanentes de conscientização sobre manejo correto de resíduos recicláveis e orgânicos em Porto Alegre

Por Sérgio Ruck Bueno, 18/11/2021

Feiras junto ao Parque da Redenção são ponto de referência para consumidores atentos à saúde e à preservação ambiental - Foto: Elson Schroeder/Associação Agroecológica

Uma parceria entre o Movimento Lixo Zero Porto Alegre, a Associação dos Agricultores Ecologistas Solidários do RS (Associação Agroecológica) e entidades representativas de catadores pretende transformar as feiras ecológicas da cidade em espaços permanentes de informação sobre métodos corretos de separação e descarte de resíduos. A intenção é reduzir o impacto do consumo humano sobre o meio ambiente e, ao mesmo tempo, criar condições para garantir renda aos profissionais que fazem a triagem de materiais recicláveis.

O “piloto” do projeto, batizado de “A Virada nas Feiras Ecológicas – como fazer do lixo uma solução”, foi realizado no dia 13 deste mês junto com a Feira de Agricultores Ecologistas - organizada pela Associação Agroecológica desde 1989 - e a Feira Ecológica do Bom Fim, no Parque da Redenção. A iniciativa também fez parte da sexta edição da Virada Sustentável de Porto Alegre.

Agora o plano é buscar apoiadores para repetir o evento pelo menos uma vez por mês no mesmo local e em outras feiras pela cidade já no ano que vem, explica a embaixadora do Movimento Lixo Zero, ligado ao Instituto Lixo Zero Brasil, Paula Moletta. No dia 13, ela passou a manhã em um estande na Redenção prestando informações sobre formas adequadas de manejo de recicláveis e de compostagem de restos de produtos orgânicos.

Segundo Moletta, essas são “atitudes ecológicas e cidadãs, pois o lixo não some simplesmente e permanece gerando impacto no meio ambiente e em todos os seres vivos”. De acordo com ela, dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) mostram que apenas 2,1% dos resíduos coletados no Brasil são reciclados, bem abaixo da meta de 20% estabelecida pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos para 2040.

Em Porto Alegre, os serviços de coleta domiciliar e seletiva do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) recolhem 1,1 mil toneladas por dia, mas apenas 4,5% - ou 51 toneladas – correspondem aos materiais recicláveis. No entanto, esse volume poderia ser seis vezes maior se a separação fosse feita corretamente, avalia a autarquia.

Outro problema é a forma como a população entrega os resíduos para a coleta seletiva, o que afeta diretamente a renda dos trabalhadores das unidades de triagem. “É preciso melhorar muito a forma como o material chega nos galpões, pois grande parte precisa ser descartada por estar suja”, diz Alex Cardoso, da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis da Cavalhada (Ascat).

Escolhidas para o lançamento do projeto, as feiras junto ao Parque da Redenção acumulam três décadas de história e são ponto de referência para os consumidores que prezam pela preservação ambiental e buscam alimentos orgânicos e saudáveis. Antes da Covid-19, elas chegavam a receber 15 mil visitantes aos sábados pela manhã, mas o número caiu com a pandemia e agora vem se recuperando com o aumento da vacinação contra o novo coronavírus.

Conforme Elson Schroeder, assessor de comunicação da Associação Agroecológica, as duas reúnem ainda quase 150 bancas que vendem produtos de aproximadamente 400 agricultores familiares de Porto Alegre e região metropolitana, da serra, do centro do Estado e do litoral norte. A entidade também é responsável, total ou parcialmente, pela organização das feiras do Cais Embarcadero e do bairro Menino Deus.

Conheça mais sobre o Movimento Lixo Zero clicando aqui. Para baixar o e-book sobre compostagem elaborado pela organização clique aqui e para assistir a apresentação de Paula Moletta na Redenção, clique aqui.