Trabalho e diversidade

BlocoEco gera renda a partir de resíduos da construção civil

Cooperativa vê projeto, que garante trabalho a ex-catadores e contribui com a preservação ambiental, como exemplo para iniciativas semelhantes em Porto Alegre

Por Sérgio Ruck Bueno, 21/02/2022

Foto: Divulgação
Amaral (à dir.): meta para 2022 é triplicar o volume de produção em relação ao ano passado - Foto: Divulgação

Criada com o propósito de ampliar a geração de renda para os profissionais de reciclagem e ao mesmo tempo contribuir para a preservação ambiental em Porto Alegre, a Cooperativa de Transformação Socioambiental (CTSA) pretende fazer do BlocoEco um exemplo bem-sucedido dos benefícios que podem ser proporcionados pela economia circular no setor da construção civil.

O BlocoEco é um bloco de concreto para vedação – para fechamento de paredes ou muros, por exemplo – feito a partir de resíduos de obras e demolições como tijolos, pedaços de concreto, pedras, areia e argamassa. A tecnologia empregada foi desenvolvida em conjunto com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), até hoje parceira do projeto por meio de voluntários ligados à Escola de Engenharia.

“Hoje somos uma inciativa isolada, mas queremos mostrar que, com o apoio de políticas públicas, é possível transformar os resíduos da construção civil em produtos de valor agregado, gerar renda e evitar que eles sejam descartados em terrenos baldios ou aterros legais ou clandestinos”, diz Sérgio Amaral, coordenador da CTSA. A cooperativa foi criada em 2008 com o apoio da ONG Solidariedade, focada no fortalecimento dos movimentos sociais da cidade.

A produção do BlocoEco, no entanto, ganhou força em 2019, depois que o projeto foi aprovado em um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs) e recebeu um aporte de R$ 67,6 mil. O dinheiro foi aplicado na aquisição e melhoria de equipamentos, na compra de insumos e na divulgação do produto, lembra Amaral.

Os resíduos utilizados pela CTSA são fornecidos pelos próprios moradores da região e por empresas de coleta de entulhos parceiras. Dez cooperados, que antes atuavam como catadores de recicláveis, trabalham atualmente na cooperativa, que tem capacidade instalada para produzir até 72 mil blocos por mês.

No ano passado, porém, com o impacto da Covid-19 o volume ficou muito abaixo da expectativa e limitou-se a cerca de 11,5 mil blocos, que geraram um faturamento de R$ 40 mil. Para este ano, o plano é triplicar estes números caso se confirme a recuperação da economia com o aumento da vacinação contra a pandemia.

Para ampliar e dar mais regularidade às vendas a cooperativa também busca fechar contratos com revendedores de maior porte, explica Amaral. Hoje, de acordo com ele, o produto está presente em nichos de mercado focados em sustentabilidade, formados por pequenos lojistas e clientes que constroem ou reformam suas próprias casas em bairros mais afastados do centro da cidade e municípios da região metropolitana de Porto Alegre.

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