Meio ambiente

Sicredi Pioneira prevê alta de 55% em financiamentos à geração solar em 2021

Linha ganha impulso com US$ 120 milhões da International Finance Corporation (IFC), captados em maio por meio do Banco Sicredi

Por Sérgio Ruck Bueno, 06/07/2021

Júlia Cornelli: associados investem por motivação econômica, mas preocupação com sustentabilidade é crescente - Foto: Arquivo Pessoal

Uma captação de US$ 120 milhões realizada em maio pelo Banco Sicredi junto à International Finance Corporation (IFC) garantiu à cooperativa de crédito Sicredi Pioneira, com sede em Nova Petrópolis, novo fôlego para atender à forte alta na procura por financiamentos para instalação de equipamentos de geração fotovoltaica distribuída nos 21 municípios do Estado em que atua.

Conforme a gerente de negócios de energia solar da cooperativa, Júlia Renata Cornelli, a estimativa é que a carteira de crédito no segmento supere R$ 200 milhões no fim deste ano, ante R$ 129 milhões em dezembro de 2020. No fim do mês passado o estoque já estava em quase R$ 170 milhões.

A Pioneira apoia projetos de geração fotovoltaica desde 2018 e desde lá já liberou mais de 2,8 mil financiamentos. Deste total, 61% correspondem a operações com pessoas físicas, com valor médio de R$ 35 mil a R$ 38 mil, e 71% a empréstimos para empresas, a maior parte pequenas e médias, com tíquete médio de pouco mais de R$ 100 mil. Em contrapartida, esses associados já obtiveram uma economia acumulada de R$ 61,3 milhões nas contas de energia elétrica, calcula a cooperativa.

“Houve uma grande aceleração na procura neste ano e temos funding (recursos) suficiente, mas a linha de longo prazo da IFC preserva nossa liquidez e oferece condições muito atrativas”, afirma a executiva. A instituição é vinculada ao Banco Mundial e a captação, que nesta terça-feira (6 de julho) equivalia a mais de R$ 620 milhões, pode ser acessada pelas cooperativas do sistema Sicredi de acordo com as próprias necessidades.

Júlia explica que a principal motivação dos associados para investir em geração solar é econômica, mas ela vê também uma preocupação crescente com a sustentabilidade. “É uma tendência que veio para ficar, pois produz ganhos econômicos para as empresas e passa a ser uma exigência dos consumidores”, entende.

Segundo ela, quem gasta mais de R$ 200 em energia por mês já consegue pagar o empréstimo com a economia na conta mensal. No modelo de geração distribuída, o consumidor “injeta” a energia na rede da distribuidora e obtém créditos para abater do valor correspondente ao próprio consumo.

As taxas pós-fixadas da linha de financiamento partem de DI (depósito interbancário) mais 0,29% e 0,54% ao mês para pessoas físicas e jurídicas, respectivamente, e são mais vantajosas do que as pré-fixadas, diz a gerente. O prazo de pagamento é de dez anos, incluindo seis meses de carência. A cooperativa financia 100% do projeto e tem cerca de 200 empresas instaladoras credenciadas.

A Pioneira, que tem um comitê interno de sustentabilidade e diversidade desde 2020, também produz energia solar suficiente para suprir 52% do consumo da sede em Nova Petrópolis. Ela estuda ainda a implantação de placas de geração fotovoltaica na rede de 42 agências e já definiu que futuras unidades serão inauguradas com o equipamento. Primeira integrante do sistema Sicredi, a cooperativa fundada em dezembro de 1902 tem 173,7 mil associados e no fim de maio acumulava uma carteira de crédito total de R$ 2,35 bilhões.

*Matéria atualizada em 23/07/2021