Meio ambiente
Ciclo prevê triplicar coleta de recicláveis em 2022
Empresa planeja abertura de seis novos pontos de recebimento, inclusive o primeiro fora do Rio Grande do Sul, para processar 300 toneladas neste ano
Depois de recolher 100 toneladas de resíduos recicláveis em 2021 em quatro pontos de coleta no Rio Grande do Sul, a Ciclo tem planos ambiciosos de crescimento para este ano. Em 2022 a meta é adquirir e dar destino ambientalmente correto a 300 toneladas de materiais reaproveitáveis com a instalação, até julho, de mais seis unidades de recebimento – inclusive a primeira fora do Estado – junto a lojas de duas grandes redes de supermercados, diz o sócio-diretor Jonas Bernardes.
Atualmente o serviço está disponível nos supermercados BIG Sertório, em Porto Alegre; Max Center, em Alvorada; Gomes, em Santo Antônio da Patrulha; e Avenida, em Xangri-Lá. Já nos próximos meses devem ser instalados novos pontos em Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha e Gravataí, além de Curitiba (PR). A partir de março algumas unidades também passarão a receber óleo de cozinha usado e, mais adiante, eletroeletrônicos.
“Nosso desafio é tirar a maior quantidade possível de resíduos dos aterros sanitários e lixões e colocá-lo na rota da reciclagem”, explica o empresário. Segundo ele, os materiais adquiridos são classificados, moídos, prensados e depois revendidos como matéria-prima para ser reinserida na cadeia produtiva de indústrias de alumínio e de laminados, por exemplo.
Além de ampliar o volume recebido, o plano da Ciclo inclui pelo menos dobrar a participação dos clientes pessoa física, que responderam por 7% do total movimentado em 2020. O restante vem dos próprios supermercados onde os pontos de entrega são instalados.
Para isso, a empresa que faz parte do grupo Recicla, com sede em Cachoeirinha, conta com a própria expansão da rede de coleta para dar maior visibilidade à solução e com o aplicativo próprio “Atitude Ciclo”, desenvolvido para realizar os pagamentos a quem fornece os resíduos.
Disponível para Android e iOS, ele já foi instalado por mais de 600 pessoas e funciona como uma carteira digital que permite transferir o saldo para contas bancárias, para um cartão Visa pré-pago, para outros usuários do sistema ou para instituições beneficentes cadastradas. Os valores pagos vão de R$ 0,01 para cada quilo de vidro a R$ 4 no caso de alumínio. Papel e embalagens longa vida valem R$ 0,15 o quilo; papelão, R$ 0,30; plástico duro e filme, R$ 0,50; e embalagens PET, R$ 1,50.
Reaproveitamento de resíduos sólidos secos poderia ser 20 vezes maior no país
O serviço prestado pela Ciclo ataca um problema crônico no tratamento dos resíduos no país. Conforme estimativa do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) do Ministério do Desenvolvimento Regional, apenas 1,07 milhão de toneladas de materiais sólidos secos - papéis, plásticos, metais, e vidros - foram recicladas em 2020 no conjunto das áreas urbanas de todos os municípios brasileiros. Isso equivale a 5,3% do volume potencialmente reciclável, que chegaria, portanto, a pouco mais de 20 milhões de toneladas por ano.
No total, segundo o SNIS, foram coletadas no ano passado 66,6 milhões de toneladas de resíduos secos e orgânicos domiciliares e públicos no país – aí incluídas apenas 270 mil toneladas de orgânicos enviados para compostagem.
Em Porto Alegre, das quase 1,7 mil toneladas de resíduos domiciliares e públicos recolhidas diariamente pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), apenas 3% (ou 51 toneladas) são enviados para reciclagem. O departamento estima, no entanto, que outras 252 toneladas de recicláveis – 15% da coleta diária total - são descartadas indevidamente pela população junto com o lixo orgânico e os rejeitos e geram um custo adicional de R$ 8,8 milhões por ano com o transporte dos materiais até o aterro sanitário de Minas do Leão, na região metropolitana.